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2020: Um ano decisivo para o futuro da Overwatch League

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A fragilidade da indústria de eSports já foi exposta há algum tempo por um longo artigo do Kotaku: grandes investimentos com pouco retorno e audiências infladas permeiam esse universo, e é provável que a Overwatch League seja a primeira grande liga a reconhecer esses sintomas.

Um grande êxodo de apresentadores e apresentadores, juntamente com jogadores relevantes se aposentando prematuramente, demonstram que a liga milionária está passando por dificuldades internas. Além de tudo isso, a terceira temporada do OWL promete ser a mais ambiciosa até agora: as equipes viajarão entre os países para disputar as partidas. O movimento é ousado e aproxima o cenário esportivo convencional, mas pode trazer consequências terríveis para as equipes.

Milhões de investimento… sem retorno?

A Activision Blizzard está por trás da Overwatch League. (Imagem: Blizzard)

Com a gigantesca Activision Blizzard por trás, a Overwatch League era um projeto que almejava desde o início. O campeonato adota o sistema de franquias: times fixos, sem rebaixamento ou promoção dos times, garantindo estabilidade a longo prazo. No caso do OWL, essa estabilidade teve um preço muito alto: uma vaga na primeira temporada da liga custaria US$ 20 milhões, segundo alguns relatos da época. Na segunda, o valor subiu para entre R$ 30 milhões e R$ 60 milhões, segundo matéria da ESPN.

Tudo isso se refletiria em uma liga de estruturas imensas, com uma premiação total de US$ 3.5 milhões – valor altíssimo para o mundo dos eSports. Em torno disso estão elementos típicos do sistema de franquias, como partidas ao vivo e inúmeros produtos licenciados para venda. Olhando de fora, tudo parece muito bonito, mas não é preciso ir muito fundo para perceber que esse investimento pode não trazer o retorno desejado: em termos de audiência, os OWL Playoffs de 2019 estão longe dos números do World of League of Legends do mesmo ano.

Para se ter uma ideia, os dados do Esports Charts mostram que Overwatch teve um pico de 318,000 espectadores simultâneos, com uma média de 110,000 espectadores; a Copa do Mundo superou 3.98 milhões de pessoas assistindo e manteve uma média de mais de 1 milhão.

Convenhamos, o Mundial de LoL já existe há muito tempo, e teve mais oportunidades de se consolidar. Porém, mesmo comparando com o estreante Free Fire, Overwatch não se sai tão bem na fita: Battle Royale Mobile atingiu o pico de 2 milhões de espectadores, mantendo uma média de 1.2 milhão de espectadores.

Curse seria o responsável por essa distribuição silenciosa de transmissões. (Imagem: Twitter)

Além disso, há acusações de que a Blizzard ainda estaria inflando seus números ao incorporar fluxos OWL em sites relacionados a jogos. Assim, qualquer usuário que visitasse o site seria contabilizado como visualizador. Isso já havia sido citado pelo Kotaku como uma prática comum no meio dos eSports, e o cenário fica ainda mais feio para a Overwatch quando ela entende todo o contexto por trás dessa afirmação.

Segundo a reportagem, uma empresa chamada Curse seria a responsável por essa distribuição silenciosa de transmissões. Coincidentemente – ou não – a Twitch, que pagou US$ 900 milhões pela exclusividade de transmissão da OWL, já foi a controladora da Curse.

Em meio a números baixos e um enorme conflito de interesses, é fácil perceber que o público da Overwatch League está uma bagunça. Infelizmente para a liga, existem problemas ainda mais óbvios.

êxodo de talento

Outra fraqueza demonstrada pela Overwatch League está na saída de seus casters e apresentadores. (Imagem: Twitter)

Outra fragilidade demonstrada pela Liga Overwatch está na saída de seus casters e apresentadores: Malik Forté, Auguste “Semmler” Massonnat, Christopher “MonteCristo” Mykkles, Erik “DoA” Lonnquist e Chris Puckett são os nomes que não retornarão para a terceira temporada do torneio.

Por mais que alguns desses profissionais tenham sido muito discretos sobre sua saída, MonteCristo foi muito vocal, fazendo uma thread de doze tweets sobre os motivos que o levaram a deixar a OWL e seu futuro como profissional.

MonteCristo chega a dizer que divergências criativas estiveram entre os motivos da não renovação de contrato. Em relação aos próximos conteúdos a serem produzidos, o caster diz que não fará mais conteúdos de Overwatch em seu canal pessoal. A razão? Não houve tanta demanda do público.

A declaração de MonteCristo indica ainda que o público da OWL e o cenário dos eSports como um todo são insatisfatórios, e ainda há mais a explorar nesse buraco.

ainda tem mais

Overwatch Contenders, uma espécie de “berço do talento”. (Imagem: Blizzard)

Em meio a tantos problemas internos na Overwatch League, a Activision Blizzard ainda tem mais uma dúvida sobre o cenário do jogo a ser resolvida. A falta de partidas ao vivo e a pouca divulgação das transmissões estão inviabilizando economicamente o torneio.

O Overwatch Contenders, uma espécie de “berço do talento” da OWL, está cada vez mais precário e já teve baixas relevantes em termos de times inscritos: NRG, Gladiators Legion e Mayhem Academy – todos ligados a times da divisão principal – estão entre os times que deixaram o torneio.

Com tantos problemas, é possível dizer que as viagens internacionais podem ser a última cartada da Activision Blizzard. O plano pode funcionar, aprimorando e revitalizando a liga; por outro lado, só pode aumentar a velocidade com que o torneio implode. De uma forma ou de outra, 2020 é um ano decisivo para a Overwatch League.

Brasileiro, 23 anos, acompanho eSports desde 2010 com uma boa experiência em Counter Strike Global Offensive, Fortnite, League of Legends e Valorant com artigos e notícias publicadas no cenário dos esportes eletrônicos.